sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Ansiedade

Ansiedade é um estado caracterizado pelo medo, apreensão, mal-estar, desconforto, insegurança, estranheza do ambiente ou de si mesmo e muito freqüentemente a que algo desagradável pode acontecer. A ansiedade também vem acompanhada de sinais somáticos, como sensação de falta de ar, respiração curta, aperto no peito, ondas de calor, calafrios, formigamento, tremores, náusea e etc.
A ansiedade pode ser causada pela fragilização da estrutura emocional,como também pode ter relação com o uso de medicamentos como: anticolinérgicos, antipsicotrópicos em doses altas, estimulantes, hormônios e antidepressivos no início do tratamento.
Quando a ansiedade é extremada se torna patológica, causando sérios problamas no convívio social.


Diagnóstico

Um histórico médico e exame físico são essenciais para o diagnóstico inicial de qualquer desordem de ansiedade, a fim de excluir qualquer outra condição médica significativa e tratável que poderia estar causando os sintomas, assim como um histórico familiar de ansiedade, ou outra doença psiquiátrica.

Tratamento

Os sintomas agudos de ansiedade geralmente são controlados com agentes ansiolíticos como os benzodiazepínicos.
Todos os benzodiazepínicos causam dependência física, e o uso extensivo deve ser cuidadosamente monitorado por um médico, de preferência um psiquiatra.
Juntamente com os medicamentos a terapia cognitiva e de comportamento são as formas de psicoterapia mais eficientes para tratar a ansiedade. Exercícios e outras atividades físicas também são bons para aliviar o estresse causado por ela.
Se a ansiedade for bem assistida e tratada a pessoa terá uma vida saúdavel.



Por Isabela R. Guimarães.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA GRAEFF, Frederico G. Transtornos de ansiedade. 1ªed. Atheneu, 2004.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Esquecer um ex relacionamento

Depois de analisar alguns fatos, obter algumas respostas,algumas pessoas podem chegar à conclusão que é melhor voltar a um passado infeliz, mas seguro, do que enfrentar um futuro incerto, apesar de quase sempre, muito melhor. Essa voz que lhe diz para ligar, procurá-lo, passar por cima de suas mágoas e sentimentos, fazendo-a olhar esse passado com lágrimas nos olhos, pode estar apenas representando seu medo de acreditar em si mesma e ser capaz de superar essa dor.
Separar-se não significa não haver mais nenhuma possibilidade de voltar atrás e reconciliar-se. Significa simplesmente que por enquanto a relação acabou e esta é a única certeza que possui. Algumas vezes acontece que, depois de uma separação, o casal volte a unir-se, superando as dificuldades e acima de tudo, aprendendo com cada uma delas.
Porém, viver na esperança e na expectativa de que isso aconteça pode ser muito destrutivo. É essencial viver esse momento como uma verdadeira separação, a fim de que todo o sofrimento tenha algum sentido de ter existido e tenha deixado algum aprendizado, para que assim algumas mudanças possam ocorrer.
Se haviam brigas constantes, desentendimentos, tristeza, a separação não deveria ser vivida como uma sensação de alívio?
E se em lugar do alívio, existe a angústia, opressão? Será que isso indica que houve um engano? Mesmo que a relação não estivesse sendo como gostaria, agora falta uma parte de si mesma que sentia como se existisse dentro de você e que foi embora, não há mais um ponto de referência que o outro proporcionava. Houve a quebra de vínculos profundos, e quanto mais longa foi a relação e mais intimamente os momentos eram partilhados, mais intensa parece ser a falta que faz. Mesmo quando havia sofrimento durante o relacionamento, infelizmente é muito difícil existir uma separação sem dor.
Parece ser difícil passar desapercebido esse momento. Os sentimentos que antes era possível disfarçar, agora parecem ficar mais expostos como nunca. A separação de fato machuca tanto, que na escala das causas de estresse vem imediatamente após a morte de uma pessoa significativa. Tanto isso é verdade que quando esse vínculo é rompido, é necessário um trabalho interior que requer uma enorme quantidade de energia psíquica para recuperar o equilíbrio perdido, tanto que psiquicamente,passamos por um período de luto, da mesma forma de quando perdemos uma pessoa querida pela morte real.
De fato, muitas pessoas têm a sensação de assistir a um enterro, sem flores nem acompanhamentos, no qual se está só com seu luto. Algumas pessoas nesse momento precisam estar na companhia de alguém que as ouçam e suportem com elas sua dor, mas quase sempre a pessoa não se sente uma companhia muito agradável, evitando qualquer contato com outras pessoas, para ter a liberdade de chorar, chorar e chorar. Não imaginando que ficaria tão mal! Mas ficamos.
Algumas pessoas olham fotos de momentos vividos juntos, lêem cartas, mensagens que foram trocadas. Outras, no entanto,rasgam tudo, querem se livrar de tudo aquilo que as façamlembrar do passado, afinal os objetos são terríveis testemunhasdo que se deseja esquecer. O que é ideal? Guardar e rever tudo que foi conquistado junto ou se livrar de tudo o mais rápido
possível? Faça o que te faça sofrer menos. É comum nos dias seguidos da separação, rever fotos e tudo que possa lhe garantir que tudo aquilo existiu de fato, mas prolongar esse período pode trazer muito mais dor.
A culpa também é outro sentimento que pode nos fazer querer voltar para refazer o que não fizemos. Algumas pessoas tendem a assumir toda a carga da responsabilidade para si devido a um sentimento de inferioridade, baixa auto-estima, por não ter sido capaz de manter a relação. Outras tendem a agir ao contrário,não se responsabilizando por nada do que ocorreu. Nem sempre a busca por culpados é o melhor caminho, é melhor entender o que aconteceu, evitando apontar o dedo para quem quer que seja.
Foram preciso duas pessoas para começar a relação e também
para terminá-la, por mais que um dos dois não quisesse que isso ocorresse. Mas não se deve deixar-se esmagar por condenações, com certeza cada um naquele momento fez o melhor que conseguiu fazer. Ter uma visão clara do que ocorreu não é uma conquista imediata e para que as primeiras reações emotivas possam ser compreendidas leva algum tempo.
Não é possível determinar quanto tempo, pois cada pessoa reage de maneira diferente, principalmente devido ao seu histórico de vida. Pessoas que quando crianças viveram a experiência do abandono, com certeza encontrarão mais dificuldades para enfrentar esse momento, pois o abandono da infância irá se somar ao atual, podendo fazê-la reviver o último com muito mais intensidade e sofrimento. Por outro lado, aquelas que viveram uma infância com afeto, sem perdas, terão mais recursos para enfrentar a separação.
Seja o que for que esteja sentindo nesse momento, saiba ser compreensiva consigo mesma como seria com alguém que lhe pedisse colo. Dê a si mesma, carinho, atenção e ouça cada um de seus sentimentos, sem desprezá-los ou ignorá-los, para que aos poucos comece a reconstruir esses sentimentos que pensava nunca mais sentir.


Rosemeire Zago
Psicóloga clínica.

Tristeza e Dignidade do Suicídio

Quando eu tinha 12 anos, um tio meu se suicidou. Era um tio de quem eu gostava e que gostava de mim. Ele enfiou a cabeça no forno e abriu a torneira de gás. Deixou uma nota, sucinta, que dizia: “Suicídio por razões profissionais e amorosas”.
Meus pais não esconderam de mim as circunstâncias da morte do tio e me mostraram seu bilhete. Mesmo assim, imaginei perceber, em meus pais, certa vergonha. Isso, porque, no fundo, eu os culpava. Foi a grande crise na minha idealização dos meus pais e, por conseqüência, na tranqüilidade de meu mundo: aparentemente, a amizade e o amor que eles ofereciam não tinham sido suficientes para dar a meu tio a vontade de continuar vivendo.
Nada me garantia, portanto, que eles saberiam fazer o necessário para que eu estivesse a fim de viver. Foi assim que o luto pelo suicídio do meu tio foi também o fim de minha infância.
Mas, em regra, quando se suicida um próximo de quem gostamos e que gostava de nós, não atribuímos vergonha e culpa a terceiros: esses sentimentos surgem em nós, ao descobrir que nossa presença e nosso amor não bastaram para que o outro quisesse viver. Em alguns casos, essa ferida nunca cicatriza.
Quando o suicida é nosso pai ou nossa mãe, o sentimento de não termos sido a razão suficiente para ele ou ela viverem fica conosco para sempre, como um fundo melancólico, como a sensação de insuficiência essencial ou de uma impossibilidade de sermos amados.
Quando o suicida é um filho ou uma filha, a perda (irreparável, pois o luto pelos nossos descendentes é contra a ordem das gerações) é acompanhada pelo sentimento de um fracasso, como se não tivéssemos conseguido transmitir o básico: a vontade de viver. Deve ser por isso que os monoteísmos consideram o suicídio como um pecado contra o criador: o suicida demonstraria o malogro de Deus.
Para os familiares de suicidas, o tom é justo, comovedor e tocante, como se quando alguém decide morrer, fôssemos todos, de uma maneira ou de outra, responsáveis.
O ato suicida guarda sua dignidade porque, apesar das explicações dos próximos, ele permanece misterioso e radicalmente imprevisível, como qualquer ato humano.
Uma vez que, os fatos acontecidos, somos capazes de interpretar, de encontrar explicações e mesmo de assumir responsabilidades e culpas que temos ou não temos. Mas tudo isso apenas retroativamente.
Em matéria de comportamento humano, somos quase sempre incapazes de prever. Não sei se é um mal: talvez essa ignorância seja a condição de nossa liberdade.

Quinta-Coluna – São Paulo:Publifolha, 2008. – 101 Crônicas Contardo Calligaris (Psicanalista e Colunista da Folha de SP)

Psicanálise.

A psicanálise surgiu na década de 1890, por Sigmund Freud, médico interessado em achar um tratamento efetivo para pacientes com sintomas neuróticos ou hestéricos .
Através de conversas com seus pacientes, Freud acreditava que seus problemas surgiam da inaceitação cultural, sendo assim reprimidos seus desejos inconscientes e fantasias de natureza sexual. O método básico da Psicanálise é a interpretação da transferência e da resistência através da livre associação.

Desde Freud, a Psicanálise se desenvolveu de muitas maneiras, e diversas dissidências da matriz freudiana foram sendo verificadas ao longo do século XX.
As principais dissensões que passou o criador da psicanálise foram Jung e Alfred Adler, que participavam da expansão da psicanálise. Outras dissidências importantes foram Otto Rank, Erich Fromm.

No entanto, a partir da teoria psicanalítica de Freud, fundou-se uma tradição de pesquisas envolvendo a psicoterapia, o inconsciente e o desenvolvimento da práxis clínica, com uma abordagem psicológica.

Desenvolvimentos como a psicoterapia humanista/existencial dentre outras terapias existentes, foram, também, influenciadas pela tradição psicanalítica, embora tenham atribuído uma visão particular para os conteúdos da psicologia clínica.
Atualmente, a Psicanálise não se restringe à prática e tem uma amplitude maior de pesquisa, centrada em outros temas e cenários, desenvolvendo-se como uma ciência psicológica autônoma.

Por Isabela R. Guimarães.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FADIMAN, James e FRAGER, Robert. Personalidade e Crescimento Pessoal. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed,2004.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A Psicologia do Esporte: esportes de contato

A psicologia é uma ciência que atua nas mais diversificadas áreas humanas, entre elas está a Psicologia do Esporte, que visa promover a saúde, a comunicação, as relações interpessoais, a liderança e a melhora no desempenho esportivo. O trabalho é feito, primeiramente, identificando junto ao atleta, os motivos que o ajudaram a escolher o esporte do qual pratica e quais os seus objetivos. Isso se deve ao fato de que quando o praticante de determinado esporte conhece o que é que o mantém treinando, ele tem mais controle e condições de controlar e prever seus comportamentos dentro do esporte. Na maioria das vezes o que mantém o atleta treinando, são causas naturais, ou seja, reforços que são conseqüências do próprio esporte, como por exemplo, a melhoria na execução do mesmo. Porém, muitas vezes, existem outros anseios de reforços, como por exemplo, quando o atleta treina sob a pressão familiar, do treinador ou qualquer outro motivo que venha da intenção de agradar a terceiros, isso acaba fazendo do esporte uma atividade desgastante psicologicamente, gerando assim o “stress” físico e o mau desempenho. Neste caso, o trabalho do psicólogo consiste em ajudar o atleta a entender seus próprios gostos e vontades, sem a insegurança de querer agradar a alguém, e assim encaixá-lo em alguma outra modalidade que lhe de prazer e consiga também este outro reforço, que é a atenção dos outros. O atleta de qualquer modalidade precisa entender o que é que está gerando o seu desempenho e comportamento dentro do esporte praticado, porque assim ele consegue manter o controle do desenvolvimento e do compromisso em treiná-lo sem fazer disso uma tarefa tão árdua. Este compromisso mais prazeroso é o que gera a possibilidade de se trabalhar melhor a parte de técnicas para a melhoria do seu rendimento. Para ajudá-lo a encontrar este entendimento, é preciso que seja feito um planejamento, na qual irão se definir objetivos, dos quais serão gerados a partir de análises do ambiente e da metodologia do treino, para que assim as atividades propostas sejam reforçadoras, prazerosas. É necessário também a “própriocepção”, o atleta tem que aprender a discriminar o que está acontecendo em seu corpo durante o treino, fisiologicamente, os movimentos das articulações, os tendões, os movimentos musculares e tudo o que acontece durante. Assim ele tem como determinar a quantidade e intensidade de esforços que serão úteis na atividade esportiva realizada. Outro agente importante para o bom desempenho esportivo é a concentração, onde o atleta tem que aprender a concentrar sua atenção naquilo que é importante dentro de sua modalidade e no momento da competição, sem deixar estímulos externos interferirem, como o medo, a ansiedade, o ambiente e outros. Um dos principais controles do qual o atleta deve ter, é o emocional, onde ele aprende a lidar com as cobranças, competitividade, derrotas, vitórias, dificuldades econômicas, preconceitos sobre o esporte escolhido (em muitos casos) e falta de incentivos ou motivações.

Esportes de Contato

Nos esportes de contato, como o MMA, por exemplo, que engloba vários tipos de especialidades de lutas, há uma grande quantidade de fatores que interferirem no término da luta, tais como preparação física, técnica, tática e principalmente psicológica, pois é através dessa que o atleta pode reverter uma situação desfavorável quando encontra alguma falha em um desses quesitos. Segundo JONES e HARDY (1990) e ROTTELA e LERNER (1993) apud RUBIO (2000) “é muito importante conhecer os efeitos dos aspectos psicológicos envolvidos em atividades esportivas que, em várias ocasiões, a capacidade de lidar com diferentes aspectos psicológicos envolvidos em uma competição é que pode determinar a diferença entre o atleta vencedor e o perdedor ou entre o atleta verdadeiramente talentoso e o comum”. A psicologia nesta área ainda não está bem aceita, é considerado um treinamento secundário e não fundamental. Em um campeonato, muitas vezes o atleta encontra um adversário mais alto, mais hipertrofiado, com mais experiências, nome mais famoso ou maior torcida e isto interfere profundamente no emocional, atrapalhando a segurança e autoconfiança, que são fatores responsáveis pela utilização de tudo o que foi treinado. O atleta já perde dentro de si mesmo antes mesmo de perder para o adversário, por isso a importância do preparo psicológico. Segundo BOMPA (2002), “o treinamento psicológico é de grande importância, pois melhora a autoconfiança dos atletas fazendo com que adquiram um melhor desempenho físico. O atleta estando bem preparado psicologicamente consegue absorver com mais facilidade os momentos adversos da luta como machucados, dores, desvantagem numérica de pontos, e pode reverter essa situação a seu favor. Ele tendo esse controle consegue agüentar a pressão, elaborar uma estratégia e aguardar o momento favorável de aplicar o golpe que pode ser decisivo para decidir o combate.” Um atleta seguro e bem trabalhado psicologicamente tem a partir de sua autoconfiança uma forte “arma” a seu favor, porque assim independente do adversário ou de sua categoria, ele consegue um bom desempenho. Muitos atletas que estão em boas condições físicas e bem preparados podem obter resultados negativos, devido ao despreparo psicológico, porém, em sua maioria, eles relacionam a perda apenas à falta de treino, ou erro tático e físico. Não há duvida de que o treinamento físico é fundamental para um bom resultado na luta, porém nem sempre o fato de haver um bom treinamento físico garante vitórias, o atleta precisa manter o equilíbrio emocional para conseguir utilizar de forma adequada e oportuna o que treina. Há situações em que atletas chegam a não estarem preparados o suficiente fisicamente, porém obtêm vitórias inesperadas, o que acontece é que geralmente relacionam com a idéia de que o adversário não era bom, mas na verdade houve ali um equilíbrio emocional mais adequado. Segundo WEINBERG e GOULD (2001), ”melhor concentração, níveis mais elevados de autoconfiança, pensamentos orientados à tarefa, níveis mais baixos de ansiedade, mais pensamentos positivos e mentalização positiva proporcionam vários fatores benéficos para o lutador, como passar segurança em si mesmo, concentrar-se em sua atuação, sentir entusiasmo por competir, dominar seus temores, ter controle de seus comportamentos e obter a maior satisfação possível da prática esportiva”. Levando conseqüentemente a um bom resultado. Muitos atletas dão mais importância para o físico com objetivo de intimidar seu adversário através de seu porte e habilidades. Porém em cima do ringue, o mais essencial é conseguir utilizar toda essa capacidade física e conseguir manter isso durante a luta inteira, além do que, o excesso de empenho físico acarreta lesões, não devidamente tendo importância pelos atletas, mas que futuramente, ocasionarão sérios problemas e até a interrupção da prática do esporte. Quando lutadores famosos ganham sua fama e ficam mais velhos, conseguem ter uma visão mais panorâmica do esporte, assim mantêm mais a calma, e conseguem suportar maior pressão dos adversários no combate, utilizando suas capacidades máximas. O mercado da luta gera muito dinheiro, por isso, atletas famosos muitas vezes se dispõem a publicar a importância física excessiva, pois são patrocinados por empresas de suplementos, academias e derivados. Assim precisam “enfiar na cabeça” de atletas jovens que o necessário é utilizar de seus patrocínios, ou seja, treinar muito, exagerar fisicamente, fazer absurdos com a saúde e com isso apenas procurar lesões e futuras derrotas. É nítido que eles para conseguirem manter o “status” em que estão não são assim, não fazem o que falam, é apenas “merchan”, a verdade é que eles têm que se cuidarem, utilizarem a experiência da carreira a seu favor e por terem mais experiência, são mais preparados psicologicamente, e conseguem não exagerarem provocando estresse corporal ou lesões, e assim mantém ótimos desempenhos, impressionando em cima dos ringues. É necessário ressaltar que apenas um bom preparo psicológico não trás para o atleta vitorias, mas sim, uma aliança entre os treinos físicos com os treinos psicológicos é que trarão os resultados esperados por cada atleta. O ser humano é capaz de realizar diversas atividades, porém existe a influência de diversos fatores para isto, como genética, hereditariedade, fisiologia, treino, condições ambientais, psicológicas, físicas, sociais e de saúde. Porém no caso dos esportes de contato, o atleta não precisa ser necessariamente equipado com todos estes fatores, ele pode ir compensando o que falta em outros preparos. Ele conseguindo manter um bom preparo psicológico será capaz de suprir a falta de outros fatores. Dentro de uma equipe de qualquer modalidade esportiva, é essencial a presença do psicólogo esportivo, pois ele trabalhará em função de auxiliar o atleta a se identificar com seu esporte, a conhecer mais a si próprio e organizar suas energias, concentrações e as emoções para uma boa desenvoltura. Somente com uma equipe completa de treinamento, os atletas poderão obter os totais benefícios e ganhos com o esporte que pratica.

Por Aline K. Bendasolli

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOMPA, T. Periodização: Teoria e Metodologia do Treinamento. 1ª ed. São Paulo: Phorte, 2002. WEINBERG e GOULD. “Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício”. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2001. RUBIO, K. Psicologia do Esporte: Interfaces, Pesquisa e Intervenção. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1º Ed, 2000.

HOMOSSEXUALIDADE, PSICOTERAPIA E ÉTICA.

Atualmente há muita polêmica envolvendo profissionais da área da Psicologia, que alegam “curar” a homossexualidade. Preconceituosamente o homossexual é visto perante a sociedade como um “estranho”, um ser inferior, essa postura aparece em todos os ambientes sociais, que na verdade deveriam estar a favor do entendimento e da
superação dos preconceitos.
Quando se fala em “curar” pressupõe-se que seja uma doença, porém com relação a essa idéia a comunidade médica é unânime ao afirmar que não, nenhuma orientação sexual é doença.
Segundo Carmita Abdo, responsável pelo Projeto de Sexualidade da USP, a origem da homossexualidade é uma somatória de fatores, mas ninguém sabe a causa, sendo assim não seria possível um tratamento contra “bloqueios psicológicos”.
Essas idéias um tanto retrógradas vão fazendo o indivíduo homossexual perder cada vez mais seu espaço e posição social respeitosa de igualdade dentro da sociedade, desenvolvendo assim um autoconceito, baixo se tornando cada vez mais solitário e excluído.
Talvez mais importante que considerar a homossexualidade um problema psicológico, passível de tratamento, seja educar a população para respeitar as individualidades.
Vemos que as mudanças decorrentes na sociedade fazem da opção sexual uma grande polêmica, é uma situação que necessita de grande ajustamento emocional, por isso este projeto tem a finalidade de investigar o significado da homossexualidade perante as práticas psicoterápicas e a importância da ética profissional nesses casos.
Segundo Peter Fray (1983), a palavra homossexualidade vem do grego homos = igual + latim sexus = sexo, refere-se ao atributo, característica ou qualidade de um ser humano que sente atração física, emocional e estética por outro ser do mesmo sexo. Esse termo também se refere a um indivíduo com senso de identidade pessoal e social com base nessas atrações, manifestando comportamentos e aderindo ou não a uma comunidade de pessoas que compartilham da mesma orientação sexual.
Historiadores afirmam que, embora o termo seja recente, a homossexualidade existe desde os primórdios da humanidade tendo havido diversas formas de abordar a questão.
Ao decorrer da história da humanidade, os aspectos individuais da homossexualidade foram admirados ou condenados, de acordo com as normas sexuais vigentes nas diferentes culturas e épocas em que ocorreram. Quando admirados, esses aspectos eram entendidos como uma maneira de melhorar a sociedade, quando condenados, eram considerados um pecado ou algum tipo de doença, em alguns casos, até proibido por lei.
No século XIX, a homossexualidade foi definida em termos psiquiátricos como um desvio sexual, uma inversão do masculino e do feminino. A partir de então, no ramo da Sexologia, a homossexualidade foi descrita como uma das formas emblemáticas da degeneração, nessa época já existiam as leis que proibiam as relações entre pessoas do mesmo sexo.
Esse cenário vem mudando desde meados do século XX, a homossexualidade tem sido gradualmente desclassificada como doença e descriminalizada na maioria dos países, havendo alguns que as tratam em absoluta igualdade com as relações entre pessoas de sexo oposto.
A partir dos movimentos de liberação homossexual, emergiu o termo gay como meio para apagar o teor psiquiátrico por trás da palavra homossexual. Assim, gay é um termo politizado e menos estigmatizante. Chamava-se originariamente gay ao homossexual masculino (independente de "rotulações" tais como ativo ou passivo). Hoje em dia, o termo gay aplica-se indistintamente quer ao homem que se relaciona sexualmente com outro homem, quer à mulher que se relaciona sexualmente com outra mulher.
Mas o maior problema não seria o termo homossexualidade, mas sim a palavra homossexualismo, sendo que o sufixo "ismo" é utilizado para referenciar posições filosóficas ou científicas sobre algo, já outros afirmam que sua utilização é mais adequada a situações de identificar opções pessoais, estilos de vida e, partindo disso, passar para o distúrbio mental ou doença Também por isso, muitas pessoas consideram que o termo homossexualismo tem um significado pejorativo, e isto tem sido levado hoje como o termo mais utilizado por pessoas que têm uma visão negativa da homossexualidade.
As principais organizações mundiais de saúde, inclusive as de psicologia, não consideram mais a homossexualidade uma doença. Desde 1973, ela deixou de ser classificada como tal pela Associação Americana de Psiquiatria e, na mesma época, foi retirada do Código Internacional de Doenças.
Segundo um texto publicado pela revista Superinteressante, da edição 207 (dezembro/2004), a Assembléia geral da Organização Mundial de Saúde no dia 17 de Maio de 1990, também retirou a homossexualidade da sua lista de doenças mentais, declarando que "a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão" e que os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura da homossexualidade.
Apesar disso e mesmo contra recomendações do Conselho Federal de Psicologia do Brasil, existem técnicos da saúde que insistem em ver a homossexualidade como uma doença, perturbação ou desvio do desejo sexual, algo que pode necessitar de tratamento ou reabilitação, aos quais está associado o movimento ex-gay, dedicado à "conversão" de indivíduos homossexuais para a heterossexualidade.
Segundo Campos (1994), na psicanálise não se teve uma explicação completa sobre a origem do homossexualismo, mas descobriu-se o mecanismo psíquico de seu desenvolvimento. Nos primeiros anos de infância, há uma fase de fixação muito intensa por uma mulher, mãe ou sua substituta, (no caso do menino) ou pelo pai (no caso da menina), depois de passada esta fase, identificam-se com eles e se consideram, eles próprios, seu objeto sexual, ou seja, partem de uma base narcísica e procuram alguém que se pareça com eles, a quem eles possam amar como eram amados por seus pais.
A natureza da homossexualidade não pode ser explicada, quer pela hipótese de que é congênita, quer pela hipótese de que é adquirida. Se for congênita, deve-se perguntar sob que aspecto ela é, a menos que queiramos aceitar a explicação de que todos nascemos com instinto sexual ligado a um determinado objeto sexual. No caso da adquirida, pode-se indagar se as diversas influências acidentais seriam suficientes para explicar a aquisição da homossexualidade, sem a cooperação alguma coisa no próprio individuo. Para Freud todo ser humano na infância passa por um estágio bissexual, onde o componente homossexual geralmente desaparece, uma pequena parte ainda permanece na vida adulta, de forma sublimada. A homossexualidade, quando insuficientemente reprimida, poderá manifestar-se na vida adulta.
A disposição para isso é uma disposição normal e universal do instinto sexual humano e o comportamento sexual normal se desenvolve a partir dela como resultado de alterações orgânicas e psíquicas que ocorrem durante a maturação.
Para uma compreensão acerca da manifestação da homossexualidade, é necessário que se conheça a historia de vida do individuo, bem como seu envolvimento no processo analítico. Cada caso é um caso, portanto, não é correto afirmar que a homossexualidade é uma doença.

Embora ainda aja muita discussão sobre a verdadeira origem da homossexualidade, uma das teorias mais abrangentes e mais aceitas, é precisamente que a orientação sexual é determinada tanto por fatores biológicos e psicológicos decorrentes ao longo do desenvolvimento da identidade do indivíduo.
Assim, a atribuição da homossexualidade a traumas pode ser considerada, porém, muitos homossexuais não têm na sua experiência um desses "traumas de infância”. Existem muitas pessoas que apóiam (principalmente populares, não-científicas), a observação das experiências sexuais e a relação entre gêneros leva a maioria da sociedade a considerar tais teorias são desprovidas de validade. Também consideram a homossexualidade uma incapacidade de relacionamento com o sexo oposto, visto que de forma geral, o indivíduo homossexual tem potencialmente um comportamento e experiências sociais iguais às do heterossexual.
A homossexualidade não é uma escolha, mas uma atração sexual e emocional por indivíduos do mesmo sexo que surge de forma espontânea e inesperada, assim como a heterossexualidade.
Segundo Kuehlwein (1998), o trabalho do psicólogo com homossexuais, envolve fazer uma avaliação das crenças e do ambiente social do cliente, identificando as mensagens que ele obteve sobre si, sua sexualidade e sua homossexualidade, com o objetivo de explicar as dificuldades em relação à auto-aceitação e construir novas crenças, consolidar uma identidade gay positiva, trabalhar as evidências sobre as atitudes da família e dos amigos, identificando evidências reais e fantasiosas e desenvolver junto ao cliente uma rede social de amigos gays e heterossexuais.
Para a psicoterapia comportamental, há um processo de autoconhecimento com o objetivo de promover um maior desenvolvimento da percepção que uma pessoa tem sobre si, de suas atitudes, pensamentos e sentimentos. Neste sentido, propõe que ao trabalhar com homossexuais é importante identificar os problemas e as situações conflitantes que a identidade homossexual produz, de forma que essa identificação possibilite a manipulação de variáveis que provoquem modificação de comportamentos do cliente.
Segundo Skinner (1993), a psicoterapia é vista como um agente controlador, não tão organizada quanto o governo ou a religião, mas uma profissão, cujos membros observam procedimentos mais ou menos padronizados. Esta característica de agente controlador deve-se ao fato de que a psicoterapia está relacionada, com comportamentos considerados inconvenientes ou perigosos para o próprio indivíduo ou para os outros, desta forma, pode-se dizer que quando uma pessoa procura a ajuda de um profissional da psicologia está sob controle de condições aversivas, que estão presentes em sua vida e por isto decidiu fazer terapia, portanto a possibilidade de mudança é vista como promessa de alívio, o que coloca o psicólogo como novo agente controlador. O próprio Skinner aponta que a psicoterapia é, freqüentemente, um espaço para aumentar a auto-observação, para “trazer à consciência” uma parcela maior daquilo que é feito e das razões pelas quais as coisas são feitas.
A psicoterapia comportamental se preocupa com mudança de comportamento, e essa mudança se baseia em uma análise funcional dos comportamentos considerados problemáticos. Neste sentido ele afirma que uma psicoterapia precisa oferecer efetividade, otimização entre custo e benefício, garantir que não existirão efeitos perniciosos decorrentes da intervenção e manutenção dos resultados.

Portanto pode-se dizer que a psicoterapia é um processo que envolve uma relação humana, na qual estão presentes o cliente e o terapeuta. Nessa relação, cada um tem seu papel definido, sendo o terapeuta o responsável pela ajuda e o cliente aquele que procura ajuda.
Mas a psicoterapia também pode ser um meio de controle da conduta humana, pode se tornar uma violência contra os indivíduos se o terapeuta não tomar os devidos cuidados éticos. É importante que se tome muito cuidado com a questão ética nessa profunda relação estabelecida, para que este “ajudar” não seja o “pensar para” o cliente, “modificar” o que é parte dele, para que não sofra e pareça eficaz em um período mais curto de tempo na psicoterapia. Esta questão ética da Psicologia dá um gancho para pensarmos sobre a polêmica que levou ao interesse para a realização deste artigo.
Esta polêmica foi publicada na Revista Veja, na edição 2125, no dia 12 de Agosto de 2009, e trata de uma declaração feita por uma psicóloga R.A.J., 50, formada pelo Centro Universitário Celso Lisboa, do Rio de Janeiro, na qual diz considerar a homossexualidade um transtorno para o qual oferece terapia de cura.
A psicóloga foi censurada pelo Conselho Federal de Psicologia, pois ela infringiu uma resolução do CFP de 22 de março de 1999, que garante que a homossexualidade “não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão”.
Segundo Carmita Abdo, psiquiatra e coordenadora geral do ProSex (Projeto de Sexualidade do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo), todo homossexual que for egodistônico, ou seja, que não aceitar sua condição sexual e tiver conflito em relação à sua sexualidade pode ser tratado por um psiquiatra ou terapeuta. Não para reverter ou mudar a sua tendência, mas para tentar se adaptar à sua condição. Essa é a orientação da Organização Mundial da Saúde, que há 15 anos tirou da homossexualidade o status de "doença mental". Todos os tratamentos aplicados até então para curar um homossexual não davam certo, pelo contrário, tornavam a situação dele ainda mais crítica.
A tentativa de "reverter" a homossexualidade de um paciente acabava por deixá-lo mais confuso. Esse tipo de tratamento cria um conflito entre o que ele deseja ser e o que ele consegue ser. Nos dias atuais, um profissional de saúde não pode fazer uma escolha de como tratar um homossexual, uma vez que existe um consenso, uma diretriz que diz que não existe uma doença e, portanto, não há uma cura para ela.

O interesse pela realização deste artigo foi à declaração de uma psicóloga, que dizia curar a homossexualidade, isso nos faz pensar sobre sua posição ética em relação à psicoterapia, é totalmente antiético da parte do profissional de Psicologia, pois além de ser de sua área de atuação o apoio para o bem estar emocional, identificação, aceitação e adaptação do próprio “eu” do cliente, é também de grande responsabilidade social, já que é a área do “comportamento humano”.
Infelizmente alguns profissionais ainda atuam dentro de um pensamento ultrapassado, quando a homossexualidade foi considerada uma doença e a idéia de “cura” foi aceita.
Os homossexuais que decidem mudar sua opção para a heterossexualidade, não o fazem, com certeza, por motivo de conhecimento de si próprio, mas sim pela pressão, preconceito, dificuldade em se adaptar por medo de assumir-se como tal dentro da sociedade, ainda mais com profissionais da área de Psicologia publicando e concordando com tais afirmações pejorativas, sem nenhuma comprovação científica a respeito da homossexualidade.
Um psicólogo não pode optar por reverter ou não a homossexualidade de um paciente. Ele precisa trabalhar para que seu paciente se sinta confortável com a sua orientação sexual.
Todo ser humano possui o masculino e o feminino dentro de si, nessa área do comportamento humano, há muito ainda que se desenvolver em estudos, para que assim as pesquisas nos mostrem uma construção mais concreta de uma teoria que possa realmente explicar a questão do homossexualismo.
O mais importante é que estas pessoas possam contar com a compreensão de que como qualquer outro ser humano, elas são muito mais do que apenas o rótulo que trazem de uma condição sexual diferente da maioria e podem desempenhar funções úteis à comunidade em que vivem integrando-se a ela, e podendo ser amparados sobre os mesmos direitos, deveres e dignidade do restante das pessoas.
Ficou claro que a homossexualidade não se trata só de homens e nem apenas de sexo, independentemente do sexo por que cada pessoa se interessa, existe na maioria das pessoas a capacidade de amar. E amor não quer dizer só sexo, mas também o desejo de intimidade, afetividade, companheirismo e busca pela felicidade.
O conhecimento científico que nós psicólogos e sexólogos possuímos hoje, nos permite concluir que a homossexualidade é apenas uma variante da normalidade.

Alina Kumakura e Isabela Rocha

Artigo realizado para a Diciplina de Ética e Cidadania, Docente Maria Salete Junqueira Lucas.

A Arte de Ouvir

De todos os sentidos, o mais importante para a aprendizagem do amor, do viver juntos e da cidadania é a audição. Disse o escritor sagrado: “No princípio era o Verbo”. Eu acrescento: “Antes do Verbo era o silêncio.” É do silêncio que nasce o ouvir. Só posso ouvir a palavra se meus ruídos interiores forem silenciados. Só posso ouvir a verdade do outro se eu parar de tagarelar. Quem fala muito não ouve. Sabem disso os poetas, esses seres de fala mínima. Eles falam, sim. Para ouvir as vozes do silêncio. Veja esse poema de Fernando Pessoa, dirigido a um poeta: “Cessa o teu canto! Cessa, que, enquanto o ouvi, ouvia uma outra voz como que vindo nos interstícios do brando encanto com que o teu canto vinha até nós. Ouvi-te e ouvia-a no mesmo tempo e diferentes, juntas a cantar. E a melodia que não havia se agora a lembro, faz-me chorar...” A magia do poema não está nas palavras do poeta. Está nos interstícios silenciosos que há entre as suas palavras. É nesse silêncio que se ouve a melodia que não havia. Aí a magia acontece: a melodia me faz chorar.

Não nos sentimos em casa no silêncio. Quando a conversa para por não haver o que dizer tratamos logo de falar qualquer coisa, para por um fim no silêncio. Vez por outra tenho vontade de escrever um ensaio sobre a psicologia dos elevadores. Ali estamos, nós dois, fechados naquele cubículo. Um diante do outro. Olhamos nos olhos um do outro? Ou olhamos para o chão? Nada temos a falar. Esse silêncio, é como se fosse uma ofensa. Aí falamos sobre o tempo. Mas nós dois bem sabemos que se trata de uma farsa para encher o tempo até que o elevador pare.

Os orientais entendem melhor do que nós. Se não me engano o nome do filme é “Aconteceu em Tóquio”. Duas velhinhas se visitavam. Por horas ficavam juntas, sem dizer uma única palavra. Nada diziam porque no seu silêncio morava um mundo. Faziam silêncio não por não ter nada a dizer, mas porque o que tinham a dizer não cabia em palavras. A filosofia ocidental é obcecada pela questão do Ser. A filosofia oriental, pela questão do Vazio, do Nada. É no Vazio da jarra que se colocam flores.

O aprendizado do ouvir não se encontra em nossos currículos. A prática educativa tradicional se inicia com a palavra do professor. A menininha, Andréa, voltava do seu primeiro dia na creche. “Como é a professora?”, sua mãe lhe perguntou. Ao que ela respondeu: “Ela grita...” Não bastava que a professora falasse. Ela gritava. Não me lembro de que minha primeira professora, Da. Clotilde, tivesse jamais gritado. Mas me lembro dos gritos esganiçados que vinham da sala ao lado. Um único grito enche o espaço de medo. Na escola a violência começa com estupros verbais.

Milan Kundera conta a estória de Tamina, uma garçonete. “Todo mundo gosta de Tamina. Porque ela sabe ouvir o que lhe contam. Mas será que ela ouve mesmo? Não sei... O que conta é que ela não interrompe a fala. Vocês sabem o que acontece quando duas pessoas falam. Uma fala e outra lhe corta a palavra: ‘é exatamente como eu, eu...’ e começa a falar de si até que a primeira consiga por sua vez cortar: ‘é exatamente como eu, eu...’Essa frase ‘é exatamente como eu...’ parece ser uma maneira de continuar a reflexão do outro, mas é um engodo. É uma revolta brutal contra uma violência brutal: um esforço para libertar o nosso ouvido da escravidão e ocupar à força o ouvido do adversário. Pois toda a vida do homem entre os seus semelhantes nada mais é do que um combate para se apossar do ouvido do outro...”

Será que era isso que acontecia na escola tradicional? O professor se apossando do ouvido do aluno ( pois não é essa a sua missão?), penetrando-o com a sua fala fálica e estuprando-o com a força da autoridade e a ameaça de castigos, sem se dar conta de que no ouvido silencioso do aluno há uma melodia que se toca. Talvez seja essa a razão porque há tantos cursos de oratória, procurados por políticos e executivos, mas não haja cursos de escutarória. Todo mundo quer falar. Ninguém quer ouvir.

Todo mundo quer ser escutado. (Como não há quem os escute, os adultos procuram um psicanalista, profissional pago do escutar.) Toda criança também quer ser escutada. Encontrei, na revista pedagógica italiana “Cem Mondialità” a sugestão de que, antes de se iniciarem as atividades de ensino e aprendizagem, os professores se dedicassem por semanas, talvez meses, a simplesmente ouvir as crianças. No silêncio das crianças há um programa de vida: sonhos. É dos sonhos que nasce a inteligência. A inteligência é a ferramenta que o corpo usa para transformar os seus sonhos em realidade. É preciso escutar as crianças para que a sua inteligência desabroche.

Sugiro então aos professores que, ao lado da sua justa preocupação com o falar claro, tenham também uma justa preocupação com o escutar claro. Amamos não é a pessoa que fala bonito. É a pessoa que escuta bonito. A escuta bonita é um bom colo para uma criança se assentar...

(Rubem Alves)
Crônica publicada na Folha de São Paulo (Caderno Sinapse)

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Receita para o Amor que dura


O segredo da vida de um casal

Receita do amor que dura: amar o outro não apesar de sua diferença, mas por ele ser diferente.

Em geral, na literatura, no cinema e nas nossas fantasias, as histórias de amor acabam quando os amantes se juntam (é o modelo Cinderela) ou, então, quando a união esbarra num obstáculo intransponível (é o modelo Romeu e Julieta). No modelo Cinderela, o narrador nos deixa sonhando com um “viveram felizes para sempre”, que seria a “óbvia” conseqüência da paixão. No modelo Romeu e Julieta, a felicidade que os amantes teriam conhecido, se tivessem podido se juntar, é uma hipótese indiscutível. O destino adverso que separou os amantes (ou os juntou na morte) perderia seu valor trágico se perguntássemos: será que Romeu e Julieta continuariam se amando com afinco se, um dia, conseguissem deitarem-se juntos sem que Romeu tivesse que escalar a casa de Julieta até o famoso balcão? Ou se, em vez de enfrentar a oposição letal de suas ascendências, eles passassem os domingos em espantosos churrascos de família?
Talvez as histórias de amor que acabam mal nos fascinem porque, nelas, a dificuldade do amor se apresenta disfarçada. A luta trágica contra o mundo que se opõe à felicidade dos amantes pode ser uma metáfora gloriosa da dificuldade, tragicômica e inglória, da vida conjugal. O casal que dura no tempo, em regra, não é tema para uma história de amor, mas para farsa ou vaudeville-às vezes, para conto de terror, à lá “Dormindo com o Inimigo”.

Durante décadas, Calvin Trillin escreveu uma narrativa de sua vida de casal, na revista “New Yorker” e em alguns livros (por exemplo, “Travels with Alice”, viajando com Alice, de 1989, e “Alice, Let’s Eat”, Alice, vamos para a mesa, de 1978). Nesses escritos, que são só uma parte de sua produção, Trillin compunha com sua mulher, Alice, uma dobradinha humorística, em que Calvin era o avoado, o feio e o desajeitado, e Alice encarnava, ao mesmo tempo, a beleza, a graça e a sabedoria concreta de vida.
À primeira vista, isso confirma a regra: a vida de casal é um tema cômico. Mas as crônicas de Trillin eram delicadas e tocantes: engraçadas, mas nunca grotescas. Trillin não zombava da dificuldade da vida de casal: ele nos divertia celebrando a alegria do casamento. Qual era seu segredo? Pois bem, Alice, com quem Trillin se casou em 1965, morreu em 2001.
Trillin escreveu “Sobre Alice”, que acaba de ser publicado pela Globo. Esse pequeno e tocante texto de despedida desvenda o segredo de um amor e de uma convivência felizes, que duraram 35 anos. O segredo é o seguinte: Calvin e Alice, as personagens das crônicas, não eram artifícios literários, eram os próprios. A oposição entre os dois foi, efetivamente, o jeito especial que eles inventaram para conviver e prolongar o amor na convivência.
Considere esta citação de um texto anterior, que aparece no começo de “Sobre Alice”: “Minha mulher, Alice, tem a estranha propensão de limitar nossa família a três refeições por dia”. A graça está no fato de que a “propensão” de Alice não é extravagante, mas é contemplada por Calvin como se fosse um hábito exótico.
Alice é situada e mantida numa alteridade rigorosa, em que é impossível distinguir qualidades e defeitos: Calvin a ama e admira como a gente contempla, fascinado, uma espécie desconhecida num documentário do Discovery Channel. Se amo e admiro o outro por ele ser diferente de mim (e não apesar de ele ser diferente de mim), não posso considerar que minha maneira de ser seja a única certa. Se Calvin acha extraordinário que Alice acredite na virtude de três refeições diárias, ele pode continuar petiscando o dia todo, mas seu hábito lhe parecerá, no fundo, tão estranho quanto o de Alice.
Com isso, Calvin e Alice transformaram sua vida de casal numa aventura fascinante: a aventura de sempre descobrir o outro, cuja diferença inesperada nos dá, de brinde, a certeza de que nossa obstinada maneira de ser, nossos jeitos e nossa neurose não precisa ser uma norma universal, nem mesmo a norma do casal. Há quem diga que o parceiro ideal é aquele que nos faz rir. Trillin completou a fórmula: Alice era quem conseguia fazê-lo rir dele mesmo. Com isso, ele descobriu a receita do amor que dura.



(Contardo Calligaris, psicanalista clínico, colunista da "Folha de SP" e escritor)

Filosofia e Psicologia

A FILOSOFIA

“Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum for útil; se não se deixar guiar pela submissão às idéias dominantes e aos poderes estabelecidos for útil; se buscar compreender a significação do mundo, da cultura, da história for útil; se conhecer o sentido das criações humanas nas artes, nas ciências e na política for útil; se dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a felicidade para todos for útil, então podemos dizer que a Filosofia é o mais útil de todos os saberes de que os seres humanos são capazes”
(Marilena Chauí, 1995)

A palavra filosofia é de origem grega e significa amor à sabedoria. Ela surge desde o momento em que o homem começou a refletir sobre o funcionamento da vida e do universo, buscando uma solução para as grandes questões da existência humana.
Os pensadores, inseridos num contexto histórico de sua época, buscaram diversos temas para reflexão. A Grécia Antiga é conhecida como o berço dos pensadores, onde se buscava formular, no século VI a.C., explicações racionais para tudo aquilo que era explicado, até então, através da mitologia.
A Filosofia nasce com o aparecimento do pensamento racional, com a evolução de um pensamento prático para um pensamento intelectual, a decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceita-los sem antes havê-los investigado e compreendido.
Ela “especula” sobre a natureza humana e, portanto, sobre o sentido da vida.
Este é então um ponto ao qual ela se diferencia da psicologia, pois esta sempre esteve tentando se identificar com os processos naturais da mente.
Durante muito tempo, os primeiros filósofos gregos compartilhavam de diversas crenças míticas, enquanto desenvolviam o conhecimento racional que caracterizaria a filosofia.
Se considerarmos filosofia a atividade racional voltada à discussão e à explicação intelectualizada das coisas que nos circundam, tem-se o século VI como a data mais provável de sua origem. Nessa época houve a instituição da moeda, do calendário e da escrita alfabética, a florescente navegação, que favoreceu o intenso contato com outras culturas, esses acontecimentos propiciaram o processo de desdobramento do pensamento poético em filosófico.
De acordo com a tradição histórica, a fase inaugural da filosofia grega é conhecida como período pré-socrático. Esse período abrange o conjunto das reflexões filosóficas desenvolvidas desde Tales de Mileto (623-546 a.C.) até Sócrates (468-399 a.C.).
A filosofia não pode ser considerada um conjunto de questões que já estão prontas, terminadas, mas sim uma procura incessante pelo conhecimento, pela reflexão, podendo voltar-se para qualquer objeto.
Ela é crítica, dúvida do que já é aceito pelo senso comum, abre muitas oportunidades de questionamentos e se torna incômoda, pois questiona o “ser”. É uma resposta da exigência da natureza humana.
O homem, imerso no mistério do real, vive a necessidade de encontrar uma razão de ser para o mundo que o cerca e para os enigmas de sua existência.

____________________________________________________________________________________

A PSICOLOGIA
Pode-se dizer que foi a filosofia a pioneira na introdução da psicologia como uma nova disciplina. Durante muitos séculos, foi definida como um saber acerca da alma. Porém, a alma é metafísica e então era tomada com crença e não como uma ciência. Os filósofos limitavam-se a especulações, fazendo uso da razão, reflexão e discussão. Utilizavam, assim, como método o raciocínio dedutivo e as leis da lógica e rejeitavam todo o conhecimento proveniente dos sentidos (conhecimentos empíricos). A este período, a psicologia ficou conhecida como pré científica e só depois em 1879 passa a funcionar como ciência.
É sabido que durante dois milênios a psicologia foi inseparável da filosofia, tanto assim que não existia o termo que desta a distinguisse. Apenas no século XVI foi ele criado por um professor de Marburg, hoje esquecido, o lógico Rodolfo Goclenius, e muito raramente empregado até o século XVIII. Sabe-se, também, que este termo (formado a partir de psyché, alma, e logos, razão) significa, etimologicamente, ciência, estudo da alma. Pouco ajuda, porém essa definição, uma vez que os homens nunca deixaram de discutir, quando não de disputar, a respeito da natureza, da função e, até, da realidade da alma; e também porque se trata de saber como e em que medida essa realidade -sobre a qual não nos entendemos- se tornou objeto de investigação “científica”, no sentido atual do termo.
Na medicina antiga, formou-se a famosa teoria hipocrática do humores, exposta na natureza do homem, que atribui ao ser humano quatro humores: o sangue, a fleuma (chamada também linfa), a bílis amarela e a bílis negra (ou atrabílis), cada uma das quais relacionada a um orgão particular: o coração, o cérebro, o fígado, o baço.
As patologias encontradas nesses orgãos foram consideradas como produtos da reação do organismo ao meio, algo como o ponto de junção entre o indivíduo e o universo. Os médicos consideravam que o desequilíbrio desses humores poderiam ter suas causas: internas ( excesso de humores e de preocupações) e externas ( mudança de clima, traumatismos acidentais e miasmas no ar).
Assim o tratamento requer um conhecimento baseado em observações e reflexões, trata-se de uma certa filosofia, ou uma forma psicoterápica de lhe dar com as enfermidades.
As idéias hipocráticas hoje constituem uma forma antecipada de uma medicina hoje chamada “psicossomática”. Os médicos se preocupavam com as interfências entre o organismo e psiquismo. No desenvolvimento da psicologia, seu objeto dificilmente se presta aos métodos das ciências naturais, que então se imaginavam em total solução de continuidade com a filosofia.
A psicologia, sob sua forma atual, ou seja, enquanto disciplina independente, baseada em métodos que se valem em bases científicas, é a única legítima.
As pesquisas, por mais que suas perspectivas estejam transformadas, continuam a ter por objeto o homem interior, ainda quando pretendam explicá-lo “por fora”, por meio de uma interpretação puramente “objetiva”; o homem interior, esse que continua a ser, com sua interrogação sobre si próprio e sobre o mundo.
A psicologia só conseguiu se tornar uma área independente, quando estudou (e ainda estuda) ao indivíduo como tal, embora possa apresentar alguma restrição à necessidade de isolar o indivíduo para estudá-lo psicologicamente.
No passado, por mais bem estruturados e embasados as pesquisas e o conhecimento, não se poderia de forma alguma separar totalmente, a psicologia daquilo que hoje constitui metafísica, moral, fisiologia e outros.
Em resumo, a psicologia estuda os comportamentos humanos, tais como as reações e interações com o ambiente em que vive e os outros individuos com quem convive. É impossível falar de comportamento, sem mencionar a variabilidade existente universalmente em todos os aspectos existentes no mundo, tanto nas transformações químicas, fisícas e psiquicas.
É impossível uma análise concreta de determinadas doenças psicossomáticas ou conflitos interiores do homem, analisando-se apenas uma pessoa, é necessário uma pesquisa de determinados grupos, aos quais sejam totalmente imparciais as escolhas e também aleatórias.
Na psicologia é possivel também prever determinados eventos que são partilhados por indivíduos de determinadas culturas, ou faixa etárias. Toda essa observação do desenvolvimento e comportamento humano, define um indivíduo como único, mas também ajuda a compreender as relações deste, com o mundo e do mundo como parte dele.

____________________________________________________________________________________

A RELAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E FILOSOFIA

Para entender o que é psicologia é preciso questionar de onde e porque ela surgiu, e a importância da filosofia na psicologia.
Como foi visto, a filosofia surgiu desde os tempos primórdios da vida do homem, quando ele começa a criar ordens e organizações para a sua sobrevivência, lidando com os fenômenos da natureza e deixando as crenças e acontecimentos místicos de lado. Essa necessidade vem da capacidade de manipular o ambiente ao seu redor, e é o que o difere dos outros animais.
Com o manejo da natureza e das lições básicas para a sobrevivência ele começa ter uma outra necessidade, a de se organizar em grupos, formando as sociedades.
Pode-se dizer também que a filosofia é mãe de muitas ciências.
A ciência por sua vez, é uma forma de transformar o senso comum em leis que pretensiosamente possam ser universais. Elas devem ser testadas e ter funcionamento pleno, e é válida enquanto der certo e for coerente.
Dentro de uma sociedade, é preciso determinadas leis que são também existentes na ciência e que sirvam como “métodos para impedir que os desejos corrompam o conhecimento objetivo da realidade” (Alves, Rubem).
Quando a imensa engrenagem (que é a sociedade) começa a funcionar, ela passa também a elaborar questionamentos e exigir respostas, pois o desenvolvimento humano gerado pelo avanço intelectual do homem, necessita cada vez mais de novas medidas e idéias para suprir as novas necessidades.
O que antes era uma preocupação egocêntrica se torna um problema coletivo e é necessário o estudo do homem como um ser integrante disso, e que necessita de viver e conviver junto de toda uma sociedade.
Ele é, portanto, um criador de idéias, de ciência e de história, tendo a extrema necessidade entender a história e a filosofia para poder compreender a psicologia, pois é a partir delas que surgem a necessidade da compreensão subjetiva do mundo em que vivem, das pessoas onde convivem e do próprio ser.
O pensamento filosófico é uma ferramenta de grande importância para a compreensão do ambiente coletivo. É poder refletir sobre determinadas questões individuais e coletivas.
Para a continuidade da evolução humana, também se faz útil uma reflexão mais profunda sobre cada elemento de seu grupo social, seja profissional, escolar, passional, ou individual.
Podem ser questões concretas, materiais ou então questões subjetivas, do agir, do pensar e do sentir. Isto constitui uma grande relação, ou melhor, uma grande definição do objeto de estudo da psicologia.
Nota-se então a impossibilidade de se falar em psicologia sem falar em filosofia, sendo a psicologia uma ciência que já existia há muito tempo, junto com a filosofia, e que apenas não havia recebido um nome próprio, mas que já estava participando das formulações de ideais filosóficos e também caminhando para a sua própria independência.

Aline Kumakura e Isabela Rocha


RERERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


Alves, Rubem. A filosofia da Ciência
4 ed. São Paulo, 2002. 221p.
Chauí, Marilena. Convite à Filosofia
Ed. Ática, São Paulo, 2000.
Mueller, Fernand Lucien. História da Psicologia
2 ed. São Paulo, 1978.
Magee, Bryan. História da Filosofia
3 ed., 2001.

A educação!

Com base nas idéias de Paulo Freire, podemos perceber o quão é importante seu papel na educação.
Para ele a concepção do conhecimento não pode surgir como uma forma de doação que o educador faz para o educando, mas sim, um processo que se realiza no contato do homem com o mundo vivenciado, o qual está sempre em movimento e em transformação contínua. Baseada na concepção de homem e de mundo, estabelecendo-se a relação dialógica. O diálogo é uma troca, os homens se educam mutuamente pelo intermédio do mundo. Desse processo, surge um conhecimento crítico, porque foi obtido de uma forma reflexiva, é um ato constante de revelar a realidade, posicionando-se nela. Dessa forma os homens se descobrem como seres históricos.
Paulo Freire diz que educar é construir, é libertar o homem do determinismo, passando a reconhecer o papel da História e onde a questão da identidade cultural, tanto em sua dimensão individual, como em relação à classe dos educandos é essencial à prática pedagógica proposta. Sem respeitar essa identidade, sem autonomia, sem levar em conta as experiências vividas pelos educandos antes de chegar à escola, o processo será inoperante, somente palavras sem significação real.
A educação problematizadora responde à essência do ser e de sua consciência, que é a intencionalidade. A intencionalidade está na capacidade de admirar o mundo, ao mesmo tempo desprendendo-se dele, nele desmistifica, problematiza e critica a realidade admirada, gerando a percepção daquilo que é inédito e viável.
O mundo é passível de transformação e a consciência crítica liga-se ao mundo da cultura e não da natureza. O educando deve primeiro descobrir-se como um construtor desse mundo da cultura.
Essa concepção distingue natureza de cultura, entendendo a cultura como o acrescentamento que o homem faz ao mundo, ou como o resultado do seu trabalho, do seu esforço criador.
Procura-se superar a dicotomia entre teoria e prática, para ele "não se pode separar a prática da teoria, autoridade de liberdade, ignorância de saber, respeito ao professor de respeito aos alunos, ensinar de aprender".
A viúva de Paulo Freire defende que seu marido contribuiu para a luta contra a premissa de miserabilizar os mais pobres e mais miseráveis em favor da ética do mercado, Freire ficou conhecido mundialmente como um educador popular, o criador de um método que, em 40 horas, alfabetizava e conscientizava ao mesmo tempo. Apesar de todo o envolvimento com as classes populares desde suas primeiras experiências educativas, escreveu textos que demonstravam sua preocupação com a educação em geral. Nesses momentos, questionou o elitismo do ensino vigente, seus métodos e princípios pedagógicos, por não corresponderem ao processo de desenvolvimento industrial e de construção da democracia.
Freire se envolveu com as principais questões da intelectualidade brasileira: como instituir a democracia e promover o desenvolvimento econômico do país. Para os educadores vinculados ao Movimento em Defesa da Escola Pública e os Movimentos de Educação e Cultura Popular, a questão que se enfatizava era o argumento de que a educação era importante para as transformações necessárias, discutia-se qual era a educação e quais os métodos adequados às necessidades.
Outra característica de Paulo Freire é que suas idéias são semelhantes as de Vigotski, embora em épocas e contextos diferentes. A principal diferença entre os dois é que enquanto Vigotski se preocupa com o desenvolvimento psicológico do sujeito, Freire se volta aos aspectos pedagógicos, à educação. A educação é uma prática social que tem como fim promover o desenvolvimento humano.
O que mais aproxima suas idéias é a concepção do homem como sujeito histórico-cultural. Vigotski acredita que o homem só se constitui mediado pela história e não deve ser deslocado de seu contexto para ser estudado. Para Freire, o homem se encontra inserido em uma realidade social que deve ser utilizada como ponto de partida para a sua compreensão, o homem deve ser compreendido como uma totalidade e não como um sujeito isolado, em que pensar e agir criticamente a realidade na busca de transformá-la, faz parte da sua natureza. O homem só se humaniza na medida em que se apropria da cultura.
Outro ponto em comum de seus pensamentos é que tanto Freire quanto Vigotski acreditam que é na interação, nas relações sociais que os sujeitos se constituem e produzem conhecimento. Para reconhecer a si mesmo, o sujeito precisa estabelecer relações com outros.
Comparando os dois, fica claro que o trabalho do professor deve ser visto de forma ampla e completa, com todas as influências que o cercam, tanto Vigotski quanto Freire falam sobre essas influências. De como o meio é fundamental para a constituição do sujeito, ao mesmo tempo em que esse sujeito também constitui o meio.
Ambos possuem o mesmo objeto de estudo, a autonomia, se preocuparam com a
forma como os indivíduos são formados, ao mesmo tempo, constituem a cultura, o conhecimento e a sociedade.
Segundo a revista veja a qual foi feita uma critica pela mulher de Paulo Freire, no Brasil o ensino é péssimo, a formação não prepara para a realidade do mundo atual, sem contar na falta de participação dos pais que deveriam não só incentivar, como mostrar interesse na escola e em como se desenvolve a aprendizagem de seus filhos.
Para ocorrer uma transformação é preciso acontecer um inconformismo radical para isso os pais, alunos e professores devem perceber que a escola devolve a sociedade indivíduos despreparados e incapazes.
Atualmente muitos professores tentam colocar para os estudantes uma visão esquerdista, eles estão mais preocupados com a doutrina esquerdista do que com o ensino em si.
Estes atribuem a escola à função de formar cidadãos a frente de ensinar a matéria, não deixa de ser uma boa postura, porém o mundo mudou e assim os jovens não têm condições de enfrentar a realidade após saírem da escola.
Isso também se deve a falta de preparo e especialização desses educadores, por isso nessas situações, acabam usando os discursos esquerdistas como bengala.
Assim a escola perde seu principal atributo que é ensinar a pensar, porque alguns professores deixam de ser críticos e idolatram personagens que na verdade deveriam ser vistos com uma abordagem mais critica, um deles é Paulo Freire, que é a principal indignação de sua viúva Ana Maria Freire.
Diante do ponto de vista de ambos os lados podemos ver que os principais enfoques das escolas e educadores é ensinar as matérias, estando preparados, especializados, com infraestrutura e remuneração adequadas, ter um discurso politicamente neutro, formando assim cidadãos capazes de formar suas próprias idéias de forma crítica.

Aline Kumakura e Isabela Rocha.

Texto produzido para a Disciplina de Psicologia do Desenvolvimento Humano e Processos de Aprendizagem. Docente Claúdia Bolela Silveira.

O que é Loucura?

Atualmente essa questão vem aparecendo na televisão, em novelas, programas e etc, tornando mais interessante trocar idéias e esclarecer sobre ela.

A loucura é uma condição da mente humana caracterizada por pensamentos que não são considerados comuns pela sociedade. Pode ser conseqüência de uma doença mental, quando não é classificada como a própria doença. A verdadeira constatação da insanidade mental de um indivíduo só deve ser feita por especialistas. Algumas visões sobre loucura defendem que o sujeito não está doente da mente, mas pode simplesmente ser uma maneira diferente de ser julgado pela sociedade.

Na Antigüidade a loucura era considerada como uma manifestação divina. O ataque epiléptico, intitulado a doença sagrada, significava maus presságios quando ocorria durante os comícios.
Ao longo da história, os loucos foram tidos sob várias visões, na idade média os loucos eram afastados do convívio social, havia barcos que levavam os insanos de uma cidade para outra.

Atualmente do ponto de vista orgânico, a loucura é causa bioquímica das doenças mentais. A loucura é uma experiência social e psicológica, dizemos que é uma experiência social, tendo em vista a maneira variada que os grupos sociais a concebem. O que nós caracterizamos como loucura pode não ser para um outro grupo. A noção de loucura é diversificada e relativa, uma vez que cada grupo tem uma linguagem particular para defini-la.
Comparando as diferentes maneiras que grupos de estudantes universitários definem a loucura, percebemos que, o louco é visto como um doente mental, uma pessoa que foge dos padrões da sociedade, que fantasia a realidade, que muitas vezes não possui consciência de si mesmo e dos outros e também sofre de desequilíbrio emocional.

Segundo João Frayze (1993), a crermos em muitos pensadores contemporâneos, a loucura não é um fenômeno fundamentalmente oposto ao da chamada racionalidade ou normalidade. A loucura é interior à razão – eis uma proposição notável muitas vezes posta sob suspeita, tão espantosa que se resiste a aceitar.
Se a loucura é algo com que convivemos, paradoxalmente é algo difícil de falar na primeira pessoa. Fácil é falar da loucura do outro, da loucura alheia. Na fala cotidiana (ou no discurso científico), são lhe emprestadas tantas vestias que elas se mostram disfarçadas de certa maneira. Essa aparência da loucura é a visão que se tem do louco.

Segundo a opinião do senso comum sobre a loucura, o autor diz que temos duas principais tendências conceptuais reconhecíveis nessas acepções. Por um lado temos a loucura concebida e particularizada como uma experiência corajosa de desvelamento do real, de desmontagem e recusa do mundo instituído: a loucura é saber. De outro lado (e esta é a tendência mais forte), temos a loucura descrita como uma falha da forma pessoal, consciente, normal, equilibrada e sadia de ser, um desvio do grupo social: o louco é perigoso para os outros, senão para si mesmo.
Esses pontos de vista, que alguns especialistas (médicos, cientistas sócias e filósofos), chegam a assumir, são discutíveis.

O louco também é um homem a quem a sociedade não quis ouvir e a quem quis impedir a expressão de insuportáveis verdades.
Não devemos imaginar que essas visões da loucura são controvertidas por terem origens em um discurso de um grupo de não especialistas. Ao contrário, a situação não é diferente no âmbito das disciplinas específicas. Mais do que controvérsia, a situação é de há muito tempo, médicos e filósofos se terem debruçado sobre o problema da loucura, sem que tenham conseguido saber exatamente o que ela é. E isso porque, de modo algum um “fato” ou uma “entidade natural” a loucura é uma questão problemática.

A loucura enquanto doença mental é concebida tradicionalmente como as demais doenças orgânicas, ela assume a feição de uma entidade natural manifestada por sintomas. O aparato teórico técnico dessa perspectiva se renovou, desde o começo do século, graças ao progresso das pesquisas biológicas (neurocirurgia, eletroencefalografia, neurofisiologia), mas a tese básica se manteve: a doença mental concebida como efeito de um processo orgânico, sua origem é endógena. Ou seja, é no interior do organismo individual que se encontrará a causa de seu estado mórbido, isto é, uma lesão de natureza anatômica ou algum distúrbio fisiológico.

Mas a expressão “doença mental”, pode recobrir um outro significado. Pode designar uma desorganização da chamada “personalidade pessoal”. Como uma alteração interna de suas estruturas, como um desvio progressivo de seu desenvolvimento, a doença, nesse caso, só teria sentido no interior de uma personalidade estruturada, a personalidade do individuo torna-se, portanto, o habitat natural da doença e o critério segundo o qual ela será julgada.

Ao procurar compreender as condutas através do contexto singular de cada cultura, essa concepção, ao mesmo tempo em que pretende relativizar antropologicamente os costumes, absolutiza o desvio como a essência das doenças.
O louco seria, segundo essa abordagem essencialmente um caso de desvio ou inadaptação. Nesse sentido, independentemente da diversidade cultural, a loucura é concebida como um problema eterno. Se é relativa a uma cultura, é apenas na condição de conduta ou modo de ser que a ela não se integra.
Segundo Foucault (1975), é própria de nossa cultura dar à doença o sentido do desvio e ao doente um estado que o exclui.

Aline Kumakura e Isabela Rocha.

Extraído do artigo "O que é loucura" realizado para a disciplina Psicologia da saúde mental 2°ano, Docente Kenia Peres.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O que é Psicologia?

O nome Psicologia vem do grego psykhê: alma e logos: estudo,é a Ciência do Comportamento, compreendida esta em seu sentido mais amplo,não apenas como reações externas, mas também como atividades do consciente e do inconsciente, em um plano indiretamente observável.
Surgiu da Filosofia, no momento em que Platão e Aristóteles se viam às voltas com muitos dos problemas que ocupam hoje os Psicólogos. O estabelecimento formal enquanto ciência deu-se em 1879, em Leipzig na Alemanha, com o laboratório de Psicologia Experimental de Wundt.
A Psicologia estuda todos os aspectos do funcionamento interno da mente, como a memória, os sentimentos, o pensamento e a percepção, bem como de funções de relação, como o comportamento e a fala. Estuda também a inteligência, a aprendizagem e o desenvolvimento da personalidade. Alguns dos métodos utilizados em Psicologia são a observação, a recolha de histórias pessoais e a utilização de instrumentos de avaliação de funções cognitivas, como a inteligência e a personalidade.
O profissional da área de Psicologia requer uma linha de pensamento a ser seguida antes de tudo, essa “linha” é uma identificação do profissional com a escola estudada, assim como seu empenho na “linha” em questão, são elas diversas abordagens encontradas na Psicologia. Algumas das quais: abordagem centrada na pessoa, gestalt, psicodrama, psicanálise, comportamental, análise transacional, psicologia transpessoal, entre outras.
Assim, a Psicologia hoje, pode contribuir em várias áreas de conhecimento, possibilitando cada área uma gama infinita de descobertas sobre o homem e seu comportamento, ou sobre o homem e suas relações. O psicólogo pode atuar na área experimental, neurociências, ambiental, clínica, da saúde, do esporte, de grupos, trabalho, econômica, educacional, forense, hospitalar, social, sexológica, entre outras.

Isabela Rocha e Aline Kumakura.

Acreditar na existência de Deus reduz estresse e ansiedade.

Estudo da Universidade de Toronto, no Canadá, mostra que voluntários fiéis e ateus apresentaram atividades cerebrais diferentes.

Crer em Deus pode ajudar a eliminar a ansiedade e diminuir o estresse, afirma um estudo da Universidade de Toronto, no Canadá. A pesquisa envolveu a comparação das reações cerebrais em pessoas de diferentes religiões e em ateus, quando submetidos a uma série de testes.

Os cientistas afirmam que quanto mais fé os voluntários tinham, mais tranquilos eles se mostravam diante das tarefas, mesmo quando cometiam erros, informa a BBC. Os voluntários religiosos eram cristãos, muçulmanos, hinduístas ou budistas.

Segundo os pesquisadores, os participantes que obtiveram melhor resultado nos testes não eram fundamentalistas, mas acreditavam que "Deus deu sentido a suas vidas".


Atividade cerebral


Comparados com os ateus, eles mostraram menos atividade no chamado córtex cingulado anterior, a área do cérebro que ajuda a modificar o comportamento ao sinalizar quando são necessários mais atenção e controle, geralmente como resultado de algum acontecimento que produz ansiedade, como cometer um erro.

"Esta parte do cérebro é como um alarme que toca quando uma pessoa comete um erro ou se sente insegura", disse Michael Inzlicht, professor de psicologia e coordenador da pesquisa. "Os voluntários religiosos ou que simplesmente acreditavam em Deus mostraram muito menos atividade nesta região. Eles são muito menos ansiosos e se sentem menos estressados quando cometem um erro."

O cientista, no entanto, lembra que a ansiedade é "uma faca de dois gumes", necessária e útil em algumas situações.

"Claro que a ansiedade pode ser negativa, porque se você sofre repetidamente com o problema, pode ficar paralisado pelo medo", explicou. "Mas ela tem uma função muito útil, que é nos avisar quando estamos fazendo algo errado. Se você não se sentir ansioso com um erro, que ímpeto vai ter para mudar ou melhorar para não voltar a repetir o mesmo erro?".

Grupos ateus argumentaram que o estudo não prova que Deus existe, apenas mostra que ter uma crença é benéfico.

Revista Abril.com - Ciência e Saúde

Psicólogo também é gente!

A resposta é óbvia. Ou não. Como estudantes de psicologia esse é um assunto que nos incomoda. O texto de Isabella Bertelli, explica muito bem.

Outro dia eu estava num ponto de ônibus quando algumas pessoas estavam comentando sobre o Big Brother (Ok, é só um exemplo, não estou defendendo esse tipo de programa ou algo assim). Falavam sobre um participante, que é psiquiatra, e havia dado algum tipo de “piti” no dia anterior, brigando com um outro participante. Uma mulher então disse: “Nossa, achei aquilo um absurdo. Como que um psiquiatra faz esse tipo de coisa?? Eu que não ia me tratar com ele! Quem tá doente é ele!”.

Bom, esse tipo de pensamento é extremamente comum, e aplica-se normalmente a psicólogos e psiquiatras. Será que acham realmente que psicólogo não chora? Não sofre? Não fica bravo? Não se descontrola? Enfim, que não é humano? Sinto muito decepcionar, mas um curso de graduação não me tira a essência humana. Não me isenta de sofrer, não me imuniza contra qualquer tipo de problema a que os humanos estão sujeitos.
Eu tenho algumas hipóteses para explicar esse fenômeno. Uma delas é um possível resquício, digamos, antigo de um tempo em que a religião e o misticismo imperavam (não que isso ainda não aconteça). Quando tinham problemas, as pessoas iam atrás de magos, pajés, xamãs, sábios, gurus, oráculos ou algo que o valha, que eram exemplos, encarnações do bom espírito.

Os tempos mudaram (Foucault falou melhor sobre isso) e estamos em um mundo em que os especialistas, principalmente médicos e psicólogos, substituíram essas figuras. O que um curso de medicina ou de psicologia faz com uma pessoa? Será que nos 5 ou 6 anos passamos de reles mortais imperfeitos a deuses detentores da verdade e do equilíbrio supremo? Tiram minha condição humana e me põem uma alma endeusada?
É muito comum, quando falo que sou estudante de psicologia, as pessoas me fazerem perguntas escabrosas, que vão desde “Qual é o seu problema? Porque dizem que quem faz psicologia algum problema tem...” até “Ah, então olha aquele ali e me diz o que ele tem, como ele é, o que acha de mim...”.

Respondendo à primeira questão: Sim, tenho vários problemas, como qualquer um. Se algum deles contribuiu para eu gostar de psicologia eu não sei, talvez. E olhando para a minha classe, que tem 70 pessoas, tudo o que eu vejo são... pessoas. Cada um é de um jeito, cada um se veste de uma maneira, tem um jeito de pensar, de agir, cada um tem suas dificuldades e qualidades, assim como em qualquer outra sala de aula de qualquer outro curso. Se psicólogos tem mais problemas psicológicos do que as outras pessoas, eu não sei, e nunca vi pesquisa que apontasse para esse tipo de coisa.
Também é popular achar que psicólogos são “loucos”. Olha, para mim isso também vem junto com a idéia de que é um curso de magia ou coisas ocultas, que só uns maluquinhos podem entender e gostar. Ou então, minha hipótese preferida, é que as pessoas esperam um comportamento tão exemplar e maravilhoso do psicólogo, que qualquer coisinha que ele faça - que em qualquer outro mortal não causaria estranheza – é algo muito grande, digno de um louco.
E quanto à segunda questão, não, eu não leio mentes. Nosso curso não ensina como bater os olhos em alguém e, como uma “máquina de raios x mental” (rs, me perdoem a comparação), eu tirar um relatório completo sobre personalidade, problemas emocionais, tiques, comportamentos recorrentes, coisas desse tipo.

Dentro disso tudo eu também vejo uma outra coisa, que é a falta de informação. Não sei como é em outros países, mas aqui no Brasil a população é muito pouco estudada, e pouco propícia a ler divulgações científicas, segundo a Fapesp. Na minha opinião, as pessoas definitivamente não sabem o que é psicologia. Não sabem o que eu estudo. Ah, e muitos acham que eu nem estudo, e que meu curso é moleza. Já ouvi de um familiar “Ah, você é tão estudiosa, achei que você ia para a ciência, não para a psicologia...”. Por essas e outra que eu acho mais digno me auto-intitular de pesquisadora ou cientista, porque eu tenho vergonha (e medo!) de falar que sou psicóloga.

E o que mais me irrita: “Nossa, você como psicóloga agiu desse jeito? Perdeu a cabeça?? Que horror!”. Definitivamente, eu vou tirar um diploma de psicóloga e não de bom-exemplo-perfeito-supremo!!! Estudar certas emoções, certos comportamentos, não me torna vacinada contra absolutamente nada. A única diferença, talvez, seja que eu possa perceber um pouco mais rápido o que está acontecendo e tentar me tratar, mas ainda assim sabemos o quanto é difícil enxergar as coisas quando acontecem em nós mesmos. Portanto, se as pessoas acham que vão encontrar no psicólogo aquele que consegue colocar em prática certas “coisas” que fazem com que seja uma pessoa perfeita, estão muito enganados. Vão encontrar pessoas. Ainda não temos robôs exercendo essa função. E isso não tira, na minha opinião, a validade da profissão.

Esse é um assunto muito longo, provavelmente vou falar mais sobre isso. E também sobre psicologia. Quero ajudar a divulgar o que raios um psicólogo faz, porque isso pode ajudar a minar certas concepções arraigadas. E tirar toda a mágica misteriosa que parece rondar essa profissão.