Esportes de Contato
Nos esportes de contato, como o MMA, por exemplo, que engloba vários tipos de especialidades de lutas, há uma grande quantidade de fatores que interferirem no término da luta, tais como preparação física, técnica, tática e principalmente psicológica, pois é através dessa que o atleta pode reverter uma situação desfavorável quando encontra alguma falha em um desses quesitos. Segundo JONES e HARDY (1990) e ROTTELA e LERNER (1993) apud RUBIO (2000) “é muito importante conhecer os efeitos dos aspectos psicológicos envolvidos em atividades esportivas que, em várias ocasiões, a capacidade de lidar com diferentes aspectos psicológicos envolvidos em uma competição é que pode determinar a diferença entre o atleta vencedor e o perdedor ou entre o atleta verdadeiramente talentoso e o comum”. A psicologia nesta área ainda não está bem aceita, é considerado um treinamento secundário e não fundamental. Em um campeonato, muitas vezes o atleta encontra um adversário mais alto, mais hipertrofiado, com mais experiências, nome mais famoso ou maior torcida e isto interfere profundamente no emocional, atrapalhando a segurança e autoconfiança, que são fatores responsáveis pela utilização de tudo o que foi treinado. O atleta já perde dentro de si mesmo antes mesmo de perder para o adversário, por isso a importância do preparo psicológico. Segundo BOMPA (2002), “o treinamento psicológico é de grande importância, pois melhora a autoconfiança dos atletas fazendo com que adquiram um melhor desempenho físico. O atleta estando bem preparado psicologicamente consegue absorver com mais facilidade os momentos adversos da luta como machucados, dores, desvantagem numérica de pontos, e pode reverter essa situação a seu favor. Ele tendo esse controle consegue agüentar a pressão, elaborar uma estratégia e aguardar o momento favorável de aplicar o golpe que pode ser decisivo para decidir o combate.” Um atleta seguro e bem trabalhado psicologicamente tem a partir de sua autoconfiança uma forte “arma” a seu favor, porque assim independente do adversário ou de sua categoria, ele consegue um bom desempenho. Muitos atletas que estão em boas condições físicas e bem preparados podem obter resultados negativos, devido ao despreparo psicológico, porém, em sua maioria, eles relacionam a perda apenas à falta de treino, ou erro tático e físico. Não há duvida de que o treinamento físico é fundamental para um bom resultado na luta, porém nem sempre o fato de haver um bom treinamento físico garante vitórias, o atleta precisa manter o equilíbrio emocional para conseguir utilizar de forma adequada e oportuna o que treina. Há situações em que atletas chegam a não estarem preparados o suficiente fisicamente, porém obtêm vitórias inesperadas, o que acontece é que geralmente relacionam com a idéia de que o adversário não era bom, mas na verdade houve ali um equilíbrio emocional mais adequado. Segundo WEINBERG e GOULD (2001), ”melhor concentração, níveis mais elevados de autoconfiança, pensamentos orientados à tarefa, níveis mais baixos de ansiedade, mais pensamentos positivos e mentalização positiva proporcionam vários fatores benéficos para o lutador, como passar segurança em si mesmo, concentrar-se em sua atuação, sentir entusiasmo por competir, dominar seus temores, ter controle de seus comportamentos e obter a maior satisfação possível da prática esportiva”. Levando conseqüentemente a um bom resultado. Muitos atletas dão mais importância para o físico com objetivo de intimidar seu adversário através de seu porte e habilidades. Porém em cima do ringue, o mais essencial é conseguir utilizar toda essa capacidade física e conseguir manter isso durante a luta inteira, além do que, o excesso de empenho físico acarreta lesões, não devidamente tendo importância pelos atletas, mas que futuramente, ocasionarão sérios problemas e até a interrupção da prática do esporte. Quando lutadores famosos ganham sua fama e ficam mais velhos, conseguem ter uma visão mais panorâmica do esporte, assim mantêm mais a calma, e conseguem suportar maior pressão dos adversários no combate, utilizando suas capacidades máximas. O mercado da luta gera muito dinheiro, por isso, atletas famosos muitas vezes se dispõem a publicar a importância física excessiva, pois são patrocinados por empresas de suplementos, academias e derivados. Assim precisam “enfiar na cabeça” de atletas jovens que o necessário é utilizar de seus patrocínios, ou seja, treinar muito, exagerar fisicamente, fazer absurdos com a saúde e com isso apenas procurar lesões e futuras derrotas. É nítido que eles para conseguirem manter o “status” em que estão não são assim, não fazem o que falam, é apenas “merchan”, a verdade é que eles têm que se cuidarem, utilizarem a experiência da carreira a seu favor e por terem mais experiência, são mais preparados psicologicamente, e conseguem não exagerarem provocando estresse corporal ou lesões, e assim mantém ótimos desempenhos, impressionando em cima dos ringues. É necessário ressaltar que apenas um bom preparo psicológico não trás para o atleta vitorias, mas sim, uma aliança entre os treinos físicos com os treinos psicológicos é que trarão os resultados esperados por cada atleta. O ser humano é capaz de realizar diversas atividades, porém existe a influência de diversos fatores para isto, como genética, hereditariedade, fisiologia, treino, condições ambientais, psicológicas, físicas, sociais e de saúde. Porém no caso dos esportes de contato, o atleta não precisa ser necessariamente equipado com todos estes fatores, ele pode ir compensando o que falta em outros preparos. Ele conseguindo manter um bom preparo psicológico será capaz de suprir a falta de outros fatores. Dentro de uma equipe de qualquer modalidade esportiva, é essencial a presença do psicólogo esportivo, pois ele trabalhará em função de auxiliar o atleta a se identificar com seu esporte, a conhecer mais a si próprio e organizar suas energias, concentrações e as emoções para uma boa desenvoltura. Somente com uma equipe completa de treinamento, os atletas poderão obter os totais benefícios e ganhos com o esporte que pratica.
Por Aline K. Bendasolli
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOMPA, T. Periodização: Teoria e Metodologia do Treinamento. 1ª ed. São Paulo: Phorte, 2002. WEINBERG e GOULD. “Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício”. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2001. RUBIO, K. Psicologia do Esporte: Interfaces, Pesquisa e Intervenção. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1º Ed, 2000.
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